Eliezer e a Honra de Conduzir a Tocha Olímpica nos Jogos Rio 2016

Eliezer e a Honra de Conduzir a Tocha Olímpica nos Jogos Rio 2016

Em 2016, o Brasil se tornou palco de um dos eventos esportivos mais grandiosos do mundo: os Jogos Olímpicos Rio 2016 . Nesse percurso, pessoas de diferentes histórias foram selecionadas para carregar a tocha , representando o espírito olímpico em sua essência. Entre eles, está Eliezer , se destacando por uma história inspirada, teve a honra de dirigir a chama por 200 metros. Sua seleção não foi ao acaso; ele foi escolhido por ter uma história, intimamente ligada aos valores das Olimpíadas.

Nesta entrevista exclusiva, Eliezer compartilha conosco os detalhes dessa experiência: desde o momento em que pude da seleção até a emoção de participar de um evento tão significativo.

Veja o vídeo: https://www.youtube.com/shorts/07EBSxu-BNI
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ENTREVISTA
Podemos contar um pouco sobre você e sua trajetória no esporte?

Meu nome é Eliezer Soares. Tenho 62 anos de idade. Sou servidor público há 37 anos e pratico esporte desde os 14 anos. A minha conexão com o esporte começou em 1976 no Colégio São Fabiano no bairro da Penha no Rio de Janeiro. Eu tinha 14 anos e escolhi o basquete como minha iniciação nos esportes. O Colégio São Fabiano apoiava a prática de diversos esportes. Em um dos treinamentos de basquete, devido à minha velocidade e preparo físico, fui chamado por um componente da equipe de atletismo para participar dos treinamentos para corrida de rua. Este foi o meu primeiro contato com aquele esporte que mais tarde seria a paixão da minha vida.

A minha primeira corrida de rua foi aos 15 anos de idade no Rio de Janeiro. Participei em 15/10/1977 da Meia Volta na Lagoa Rodrigo de Freitas e ganhei a minha primeira medalha neste esporte. Participei de algumas corridas de rua até o ano de 1978, quando tive que parar de correr devido aos estudos e ao trabalho.

Muitos anos se passaram. Eu casei. Meu filho nasceu. Mudamos para o Estado do Espírito Santo em 1997. Estava com 35 anos de idade e resolvi, depois de 20 anos da minha primeira medalha, voltar a praticar a corrida de rua. Nesta época o meu filho tinha 10 anos de idade e eu o levava para treinar e correr comigo.

A partir de 1998 eu e meu filho começamos a participar juntos de diversas corridas de rua no Estado do Espírito Santo e em outros estados e não paramos mais até hoje. Dentre elas, destaco as seguintes: Dez Milhas Garoto, Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro, Volta da Pampulha e São Silvestre.

Em 2000 participei da minha primeira Dez Milhas Garoto e a partir daí não perdi mais nenhuma edição. Agora em 2024 completam 23 edições consecutivas de participação nesta corrida de rua.

A corrida de rua acabou se transformando na paixão da minha vida.

Imagem: Eliezer e filho (Paulo Victor)

História da Bandeira no Pan do Rio

  • Como foi o momento em que você entregou a bandeira do Brasil para o campeonato da maratona no Pan do Rio?
  • O que motivou você a fazer isso?
  • Qual foi a ocorrência do público e do atleta naquele momento?

Tudo começou quando eu e meu filho viajamos ao Rio de Janeiro para assistir os Jogos Pan-Americanos Rio 2007. Assistimos várias modalidades olímpicas sempre acompanhados pela nossa Bandeira do Brasil. Havia uma modalidade que aguardávamos com muita ansiedade. Era a maratona masculina que seria realizada no último dia dos jogos.

Enfim chegou o dia da maratona masculina. Era um domingo chuvoso e eu e meu filho estávamos no Aterro do Flamengo com a nossa Bandeira do Brasil a aproximadamente 01 (um) quilômetro da chegada da maratona. Meu irmão me ligou e disse que o atleta brasileiro Franck Caldeira estava em primeiro lugar e que se aproximava do local onde estávamos.

Foi nesta hora que combinei com o meu filho para que tirasse uma foto da seguinte forma: Eu, a Bandeira do Brasil e o Franck Caldeira passando ao fundo rumo à vitória.

Para a nossa surpresa, Franck Caldeira ao passar por nós pediu pra mim a Bandeira do Brasil. Naquele momento fiquei na dúvida no que fazer, mas logo em seguida saímos correndo atrás dele e conseguimos entregar a Bandeira. Ele venceu a maratona e ganhou a medalha de ouro para o Brasil. Franck Caldeira e a nossa Bandeira do Brasil foram capas de todos os jornais no dia seguinte.

Toda esta história foi gravada pelas câmeras da TV Globo que transmitia naquele dia a maratona masculina. O narrador era Luís Roberto que disse: “Fico imaginando a sensação daquele brasileiro ali que entregou a ele a Bandeira do Brasil”. Para ver este vídeo basta entrar no YouTube e digitar “jogos panamericanos Franck Caldeira”.

Franck Caldeira (Atleta) medalhista de Ouro

Conduzindo a Tocha Olímpica

Seleção para Conduzir a Tocha

  • Como você foi informado de que havia sido escolhido para conduzir a tocha olímpica?
  • Qual foi a sua reação ao receber essa notícia?

Agora estamos em 2016. O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016 estava selecionando boas histórias relacionadas às olimpíadas. O prêmio para as melhores histórias seria conduzir a tocha olímpica na sua cidade. Enviei a nossa história da Bandeira do Brasil ao comitê organizador e ela foi selecionada como uma das melhores. Quando recebi o e-mail avisando que eu seria um condutor da tocha olímpica nos Jogos Olímpicos Rio 2016 o meu coração disparou de tanta emoção. Era a realização de um sonho e tinha certeza de que seria um dos momentos mais importantes da minha vida.

Preparativos e Treinamento

  • Houve algum tipo de preparação ou treinamento específico para conduzir a tocha?
  • Como você se preparou emocionalmente para esse momento?

Não houve nenhum tipo de preparação ou treinamento específico para conduzir a tocha olímpica. Houve apenas orientações do Comitê dos Jogos Olímpicos Rio 2016 de como proceder durante o evento. Uma das orientações seria aproveitar ao máximo aqueles 200 (duzentos) metros que seriam percorridos por cada condutor da tocha olímpica.

Eliezer, conduzindo a Tocha Olímpica

Experiência de Conduzir a Tocha

  • Pode nos descrever como foi a experiência de conduzir a tocha olímpica?
  • Quais foram os sentimentos e pensamentos que passaram pela sua cabeça durante o percurso?

Conduzir a tocha olímpica nos Jogos Olímpicos Rio 2016, representando o município de Vila Velha no Estado do Espírito Santo, foi um momento único e inesquecível. Naquele percurso de 200 (duzentos) metros passou um filme da minha vida na minha cabeça. Um filme repleto de familiares e amigos que foram determinantes para estar naquele dia e naquele lugar representando todos os brasileiros.

Durante o percurso eu vi e senti a alegria e a emoção de todos que estavam presentes. Ver a felicidade da minha Mãezinha, da minha esposa, do meu filho, do meu irmão, do meu sobrinho e dos meus amigos me acompanhando na condução da tocha olímpica foi algo que jamais esquecerei na minha vida.

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Impacto Pessoal e Comunitário

  • Como essa experiência impactou sua vida pessoal?
  • Qual foi a reação da sua família, amigos e comunidade ao saberem que você conduziria a tocha?
  • Você sentiu alguma mudança no seu reconhecimento pela comunidade após esse evento?

A reação da minha família, amigos e comunidade foi de muita alegria ao saber que eu iria conduzir a tocha olímpica.

Depois das olimpíadas fui convidado por diversas escolas municipais para mostrar a tocha olímpica dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e para conversar com os alunos sobre a importância do esporte na vida das pessoas. Foi muito emocionante a recepção que os alunos fizeram para me receber com a tocha olímpica.

Reflexões sobre o Legado Olímpico

  • O que a oportunidade de conduzir a tocha significa para você em termos de legado e memória?
  • Como você vê o impacto dos Jogos Olímpicos na sua cidade e no país?

A oportunidade que tive de conduzir a tocha olímpica significou para mim, em termos de legado e memória, que tudo é possível e que a gente nunca deve desistir dos nossos sonhos.

Na minha opinião o principal impacto dos Jogos Olímpicos é a popularização de modalidades esportivas até então desconhecidas do grande público e a consequente formação de futuros atletas medalhistas olímpicos.

Mensagens para Futuros Atletas e Participantes

  • Que conselho você daria para aqueles que sonham em participar dos Jogos Olímpicos, seja como atletas ou colaboradores?
  • O que você acredita ser o mais importante nos valores olímpicos e como eles podem influenciar positivamente a sociedade?

O principal conselho para aqueles que sonham em participar dos Jogos Olímpicos, seja como atletas ou como colaboradores, é o seguinte: Nunca desistam dos seus sonhos.

O mais importante valor olímpico é a mensagem da paz. A paz que promove a união dos povos na celebração da diversidade. A paz que torna o mundo mais tolerante e inclusivo. A paz que dá a oportunidade de que atletas de origens e culturas diferentes participem desta grande festa da vida.

Planos Futuros

  • Você tem algum plano futuro relacionado ao esporte ou à comunidade que gostaria de compartilhar?

O meu plano futuro relacionado ao esporte é a criação de uma escolinha de atletismo gratuita para crianças carentes em Vila Velha no Estado do Espírito Santo.

Agradecimentos e Considerações Finais

  • Alguma mensagem final que você gostaria de deixar para os leitores do nosso blog?

O esporte mudou a minha vida e pode transformar a sua também. Meus agradecimentos à Keepsporting pela oportunidade de contar a minha história olímpica.

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